"A Magia das Mandalas"

Apresentei nesta coletiva realizada em 2004, uma série denominada “A Magia das Mandalas” onde, a partir da conceituação de mandala (círculo) moldei, em talhas de madeira, este diagrama emblemático usado em ritos sagrados e como um instrumento de meditação. A mandala é uma imagem circular composta por um padrão de formas que se repetem simetricamente em torno de um ponto central. Esta forma geométrica básica possui grande força simbólica. O espaço interior, onde as formas se desenvolvem, é sagrado. O limite circular é, portanto, a divisão entre o divino e o mundano, entre a consciência a inconsciência, entre a alma e a matéria, o que confere a esta representação um caráter mágico.

Vejo a manifestação artística, seja ela qual for: música, dança, teatro, literatura, artes plásticas, etc, como uma expressão maior do ser humano - a marca da sua humanidade - e, também, como uma ferramenta que abre o caminho para o desabrochar da espiritualidade. Entendo que a Cultura é o contraponto mais efetivo para justapormos à barbárie e, assim, abrirmos o caminho para a promoção e inclusão social e para o crescimento espiritual do ser humano. Dando chance à expressão de nossa criatividade, nas várias formas de arte, estamos contribuindo com valores saudáveis para a nossa formação como cidadãos e para que a vida no planeta se torne melhor.

A LEMÚRIA - OU O MITO ATUAL

O tema central desta mostra, composta por esculturas e entalhes em madeira é o mito da Lemúria - um grande continente que teria existido antes da não menos legendária Atlântida e cujos habitantes - os lemurianos - atingiram um elevado nivel de desenvolvimento mental e tecnológico, criando uma verdadeira "idade de ouro" no planeta. A destruição da Lemúria teria sido provocada por um cataclisma gerado pelo mau uso da tecnologia. Do vasto continente restaram poucos vestígios. Um deles seria a misteriosa Ilha de Páscoa, onde existem algumas estátuas gigantescas que retratariam o povo lemuriano. As esculturas desta Mostra representam a minha visão deste mito e a minha concepção dos Lemurianos no auge de sua "idade de ouro". É uma modesta contribuição para a releitura de um mito que é ainda atual, ou seja, uma sociedade com muito desenvolvimento intelectual e tecnológico - como a nossa - que se auto destrói. As esculturas são feitas de eucalipto que, originariamente, seriam queimados em fornos e fornalhas pra gerar energia. Salvos da queima, minha expectativa é que possam gerar um outro tipo de energia, mais sutil e poderosa - uma energia que devemos focar para que o cataclisma que destruiu a Lemúria não se repita aqui e agora.